segunda-feira, 17 de março de 2014

Entrevista com o Dr. Paulo Maurício - PMPIC

Disposta a trabalhar por melhorias na área da saúde, a vereadora Lívia Guimarães propôs a criação da Politica Municipal de Práticas Integrativas e Complementares em São João del Rei. O Projeto, conhecido por PMPIC, reconhece práticas como acupuntura, homeopatia, fitoterapia e medicina antroposófica no sistema único de saúde do município. 

A cidade conta com um belo trabalho de medicina integrativa, que é realizado pelo Dr. Paulo Maurício, no Centro de Medicina Antroposófica, no Tejuco. Sensível à causa, a vereadora Lívia também tem auxiliado na reforma da nova sede do Centro Antroposófico e na inauguração da Farmácia Municipal de Medicina Antroposófica.

Dr. Paulo Maurício de Oliveira Vieira é Coordenador do Centro de Referência em Medicina Antroposófica - SUS, de São João del-Rei, e atualmente trabalha como Médico da Família no Centro de Medicina Antroposófica do Tejuco, e nos concedeu uma entrevista a respeito da implantação da PMPIC na cidade. 

1- De forma mais didática, o que são as Práticas Integrativas e Complementares, e para que servem?

Dr. Paulo: As práticas integrativas e complementares potencializam qualquer atendimento de saúde, seja ele de atenção básica, hospitalar ou cirúrgico. Nós temos a homeopatia, a acupuntura, a medicina chinesa, a medicina antroposófica, a fitoterapia, o termalismo social, e outras práticas. São práticas que não são substitutas, mas que complementam um tratamento, e são reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde e apoiadas pelo Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.

2- Em São João del-Rei, quais são as práticas mais comuns e procuradas pela comunidade?

Dr. Paulo: Em São João del-Rei, dentro do Sistema Único de Saúde, nós só temos no momento a Medicina Antroposófica. A gente espera que outros profissionais, que tenham alguma formação, como por exemplo, em homeopatia e acupuntura, possam se integrar dentro desse movimento do SUS.

3- Como funciona o Centro de Referência de Medicina Antroposófica?

Dr. Paulo: A Medicina Antroposófica existe dentro do SUS desde 2002, inicialmente em uma equipe de Saúde da Família do Tejuco. Como as outras comunidades e equipes começaram a observar o trabalho e a procurar este tipo de atendimento, em 2008 foi criado o Centro de Referência em Medicina Antroposófica, que no momento está ligado ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), e o objetivo dele é atender principalmente pacientes referendados das estratégias de saúde da família. Também atendemos pacientes vindos de outras unidades de saúde e também de outros municípios. A procura é muito grande. Nós procuramos observar o indivíduo não só na sua doença, mas o ser como um todo, na sua relação com o mundo, com a comunidade, com a família, seus desejos e sonhos. Todos esses aspectos são observados, além do aspecto físico, pois procuramos analisar o que está por trás da doença, e a gente tenta fazer com o que o indivíduo seja sujeito da sua cura.

Além da consulta médica, temos o medicamento antroposófico, que é natural, feito parecido com os homeopáticos, produzido aqui no Centro, e 100% dos pacientes o recebem. Outro tipo de trabalho são as terapias externas. Nós tratamos as pessoas com massagens, escalda-pés, compressas, enfaixamentos, emplasto de argila para tratamento de dor, etc. Trabalhamos também com um exercício chamado reorganização neurofuncional, que resgata todo o movimento ontogenético, muito importante principalmente para idosos. É uma medicina humanizada, que tenta resgatar a dignidade humana, que está muito perdida. Dentro da Medicina Antroposófica a gente trata uma mesma doença de formas diferentes, porque o indivíduo é diferente e os aspectos que o levaram a ficar doente são diferentes.

4- Quais são as expectativas pela aprovação do Projeto de Lei PMPIC? Como vai beneficiar a cidade?

Dr. Paulo: São João del-Rei vai poder ter acesso legal e gratuito a este tipo de medicina, e isso vai ser muito bom, pois são práticas caras. Tê-las no serviço público é um grande avanço, de qualidade e de humanização do serviço de saúde. Criando esta política, poderemos garantir que, mudando o governo municipal, as práticas continuem.

5- Como funciona a Farmácia Municipal de Medicina Integrativa?

Dr. Paulo: A Farmácia de Manipulação antroposófica é uma conquista. No momento ela existe de forma improvisada dentro do Centro. Através da Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares, conseguimos a construção da farmácia, que já está pronta. Ela vai ser um grande avanço a nível estadual, e dentro da Medicina Antroposófica até mesmo a nível mundial, porque hoje, um laboratório antroposófico, o Weleda, está propondo vender suas matrizes para nossa farmácia. Isso irá possibilitar termos um remédio antroposófico, que é muito caro, dentro de uma farmácia. Será um projeto piloto no Brasil. O laboratório em questão quer analisar como será a experiência de se ter um remédio deste tipo dentro do Sistema Único de Saúde. Isso está sendo utilizado até como exemplo para outros lugares, como a Índia e a África, que tem trabalhos de medicina antroposófica. São João del-Rei é uma vanguarda neste sentido. A farmácia agora só necessita de compra de material e equipamentos, que estão sendo buscados em parceria com a Sociedade Yoshanan, dentre outras instituições, já que ainda não existe uma verba específica para isso dentro do governo. O interessante é que essa farmácia poderá atender também toda a região.

6- O que você acha da iniciativa da Vereadora Lívia Guimarães ao trazer para o debate a PMPIC?

Dr. Paulo: Em Minas Gerais, somente Uberlândia tem esta política municipal de práticas integrativas e complementares. Nem em Belo Horizonte, nossa capital, ainda tem. A vereadora Lívia teve uma iniciativa de reconhecimento deste trabalho, por que ela é do nosso bairro.  Lívia se propôs a levantar esta bandeira, ela teve esse entendimento da importância desse trabalho para o município. Como vereadora, ela não está fazendo isso para o Centro de Referência ou para a Antroposofia, mas ela está fazendo por que ela entende que isso é importante para a saúde do município. É uma atitude inovadora, de renovação, de quem quer algo bom para a cidade. 



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